Em tempos de sensibilidade dentinária, o que fazer?

Em tempos de sensibilidade dentinária, o que fazer?

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Não faz muito tempo, os pacientes chegavam aos consultórios queixando-se de dores provenientes de lesões cariosas. Hoje, a redução da incidência de cárie é nítida e as queixas dolorosas vem do contínuo crescimento na ocorrência das lesões cervicais não cariosas (LCNC), que são caracterizadas pela perda de tecido dental na região próxima à junção cemento-esmalte. Esse é um mal da atualidade, e é queixa quase que diária. O que muitas vezes nos deixa enlouquecidos é não conseguir de imediato descobrir a etiologia. Mas é preciso descobrir e isso só conseguimos com muita conversa. É preciso conhecer para poder optar por condutas terapêuticas diferentes e específicas.

Embora alguns autores considerem outras, as  LCNCs mais citadas são erosão, abrasão e abfração. Erosão dental é definida como a perda de estrutura dental por meio de um processo químico de ataque ácido, sem o envolvimento de bactérias, provenientes de fontes extrínsecas (comidas e bebidas ácidas) ou intrínsecas (vômitos frequentes, refluxo gastroesofágico, alcoolismo e outros) . Já a abrasão é a perda de substância por um processo mecânico repetitivo (força aplicada à escovação, escovas de cerdas duras, dentifrícios abrasivos…). A área da lesão cervical se mostra quase sempre em forma de “V”, tendo aspecto liso e brilhante, livre de placa e sem descoloração. É sabido que esses dois processos provavelmente agem juntos, em diferentes graus e períodos. A abfração tem como etiologia a ação de forças tensionais, apresentando-se clinicamente como um defeito em forma de cunha. O tratamento individual das LCNCs depende da sua etiologia. Descoberta a causa busca-se o tratamento removendo o/os agentes etiológicos.

Resolver a sensibilidade dos pacientes através de dessensibilizantes e restaurações é apenas sanar danos causados. E se a opção, ou uma das opções  para resolver essa sensibilidade é a restauração, vamos ficar atentos aos detalhes. Afinal, detalhes fazem a diferença. Detalhe 1: use broca esférica para asperizar a dentina altamente calcificada. Isso vai facilitar os procedimentos adesivos. Detalhe 2: dê preferência aos sistemas adesivos auto-condicionantes de dois passos. Não havendo condicionamento da dentina podemos ter menos sensibilidade pós-operatória. Detalhe 3: cavidades em forma de caixa apresentam estresse de configuração cavitária maiores, logo coloquem incremento inclinados para diminuir as tensões geradas durante o processo de polimerização. Detalhe 4: não usem resinas compostas de alto módulo de elasticidade (condensáveis). Detalhe 5: ao final façam um excelente acabamento e polimento,  o periodonto agradece!