4 Razões Para Você Fazer o Selamento Imediato da Dentina

4 Razões Para Você Fazer o Selamento Imediato da Dentina

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Quando restaurações indiretas são indicadas para restabelecer função e/ou estética, o sucesso clínico desses procedimentos dependem de vários fatores que vão desde a correta indicação do material até a finalização com a cimentação. Assim, os cuidados com os tecidos dentinários, durante toda essa fase, devem ser cuidadosamente observados pois desempenham papéis fundamentais no sucesso final desses procedimentos.

Quando preparamos 1cm² de dentina promovemos a exposição de mais de 3 milhões de túbulos dentinários. Esses túbulos representam verdadeiros caminhos para a polpa, e essa dentina exposta torna-se altamente permeável e muito sensível a estímulos hidrodinâmicos.  A dentina exposta imediatamente após o preparo é susceptível a infiltração bacteriana através dos túbulos dentinários, levando a sensibilidade pós-operatória e possíveis irritações.

Embora os preparos hoje sejam cada vez mais conservadores, em alguns casos quantidades significativas de dentina são expostas. A simples colocação de restaurações provisórias não é capaz de vedar essa dentina e seus túbulos recém cortados. É necessária uma proteção durante esse período, o Selamento Dentinário Imediato (SDI).

Essa técnica indica o selamento da dentina através da aplicação de um agente de união, um adesivo dentinário, prevenindo invasão bacteriana, sensibilidade da dentina durante o estágio de provisórios, além de aumentar a resistência de união no momento da cimentação, como mostrou Magne em 2005. O uso de sistemas adesivos para o SDI foi primeiramente indicado em 1992 empregando as primeiras gerações de adesivos dentinários.

O princípio da adesão dentinária acontece devido a criação de uma interface chamada de camada híbrida. Alguns princípios básicos precisam ser seguidos durante os procedimentos clínicos de hibridização resina/dentina. Dois problemas podem acontecer interferindo negativamente nesse processo: a contaminação da dentina e o colapso da camada híbrida até o momento da sua polimerização. Esses fatores podem acontecer durante a cimentação adesiva e podem ser evitados pelo emprego do SDI. Assim, existem 4 razões para que esse passo seja definitivamente incorporado ao seu protocolo de trabalho, são elas:

1. Dentina recém cortada é o substrato ideal para adesão dentinária. Dentina contaminada durante todo o tempo do emprego de provisórios pode reduzir o potencial adesivo da dentina. Vários estudos vem mostrando uma redução na força de união com a dentina contaminada com vários cimentos provisórios. Na prática a dentina só é considerada recém cortada logo após o preparo e mesmo antes da moldagem.

2. A polimerização do sistema adesivo leva a melhora na resistência adesiva. A camada híbrida não polimerizada pode sofrer um colapso devido a pressão que acontece durante a colocação do cimento resinoso e assentamento da peça protética. A polimerização do sistema adesivo é absolutamente compatível com os procedimentos diretos de resina composta, entretanto levanta uma certa preocupação quando aplicado nas restaurações indiretas. Muitas vezes, dependendo da espessura do sistema adesivo, a sua polimerização antes da colocação da restauração pode resultar em desajuste dessa peça

3. O selamento imediato da dentina permite a liberação do estresse gerado no sistema adesivo. Os adesivos dentinarios vão progressivamente, com o tempo, completando seu processo de co-polimerização. Nas resinas diretas isso não é problema pois vai havendo a colocação de forma incremental da resina composta. Em contra partida quando usamos o SDI em restaurações indiretas, a posterior colocação

4. O selamento imediato previne infiltração bacteriana e sensibilidade durante o período em que os dentes estão com os provisórios.

Referências Bibliográficas

Magne P. Immediate dentin sealing: A fundamental procedure for indirect bonded restorations. J Esthet Restor Dent 2005;17:144–155.

Qanungo A et al. Immediate dentin sealing for indirect bonded. Journal of Prosthodont Res. 2016; 60:240–249

Abu-Nawareg A et al. Adhesive sealing of dentin surfaces in vitro: A review. Am J Dent. 2015 December; 28(6): 321–332

Santana VB et al. Effects of immediate dentins sealing and pulpal pressure on resin cement bond strength and nano leakage. Oper Dent. 2016 Mar-Apr;41(2):189-99